terça-feira, 28 de julho de 2009

Ex primeiro ministro checo em tronco nú na Croácia

DR

É verdade o Verão está aí e na República Checa o Partido Democrata Cívico (ODS) já anda com os calores.

De acordo com o "Corriere della Sera", o ex primeiro ministro da República Checa, Mirek Topolanek, lançou uma inovadora campanha de Verão ao colocar cartazes em estradas croatas no qual aparece com mais três elementos do seu partido político em tronco nú e em calções de banho.

A República Checa terá eleições nacionais no mês de Outubro. As praias na Croácia são o destino de férias de muitos checos razão pela qual Topolanek lançou esta invulgar campanhã.

Esperemos que a moda não chegue a Portugal, só faltava ver a Manuela Ferreira Leite em bikini ou o Sócrates em calções de banho…

Relembro que Mirek Topolanek, surgiu recentemente em fotos que vieram a público das festas privadas de Silvio Berlusconi na sua mansão.

Topolanek que parece nu nas imagens, admite que é ele nas fotos mas insiste que estas foram adulteradas. Ver notícia aqui.

DR

Mirek Topolanek alegadamente numa festa privada em casa de Berlusconi. DR

segunda-feira, 27 de julho de 2009

SIC Notícias – reportagem do ECO Europa. Se não fossem os Invernos rigorosos, diria que a Suécia é um paraíso.

Excelente reportagem do “ECO Europa” sobre o modelo ambiental seguido por algumas cidades suecas.

Nesta reportagem são dados exemplos de cidades suecas que se destacam pela inovação e ousadia em matéria de meio ambiente. Pelo meio, uma entrevista a um deputado europeu sueco.

Na peça, são apresentados resultados obtidos e metas para o futuro em diferentes áreas como a política energética, sistemas de transportes, sustentabilidade das cidades, resíduos, urbanismo, "telhados verdes", etc.

Que possa servir de exemplo e de inspiração. Que contribua para alargar horizontes e para começar a exigir mais e melhor dos nossos governantes.

Sem dúvida um must see, que prova que com ideias certas aos comandos e com os esforços no sentido correcto é possível outro modelo de desenvolvimento mais sustentável, mais lógico e mais benéfico para a sociedade.


ECO Europa nº24 de 22-05-2009.

Dirigível do Partido da Nova Democracia alvo de ataque

O Partido da Nova Democracia (PND) da Madeira preparava-se para usar a sua mais recente “arma secreta” contra o Partido Social Democrata Madeira (PSD/Madeira), mas o plano saiu literalmente furado.

DR

O ataque do PND

O plano diabólico concebido pelos melhores estrategas do PND consistia em aterrorizar os participantes da festa anual do PSD/Madeira no Chão da Lagoa recorrendo a um zeppelin (dirigível) telecomandado de 7 metros de comprimento de fabrico sérvio.

Este iria sobrevoar a festa com as aterrorizadoras frases “olho na ladroagem” e “PND voa mais alto” criando o caos e pânico entre a multidão em festa.

O contra-ataque

O que o PND não contava é que mais alguém sabia do plano e secretamente enviou um grupo altamente treinado de snipers (atiradores furtivos) de operações especiais (os nossos Joões Rambo portanto) e habilmente sabotaram o plano do PND.

Como? Esconderam-se atrás de uns arbustos, não foram detectados pelos militantes dos PND porque certamente usaram sofisticadas técnicas de camuflagem e de aproximação furtiva, fruto de intensivos cursos na Central Intelligence Agency, mais conhecida como CIA.

Com o alvo sob mira, os snipers dispararam repetidamente armas de fogo que perfuraram o dirigível, impedindo o temível ataque.

Agora a batalha judicial

Os elementos do PND alegam que foram abordados por elementos das forças da autoridade quando procediam ao enchimento do dirigível e que ao mostrarem os respectivos documentos, licenças da aeronave e a autorização de voo pelo Instituto Nacional de Navegação Aérea não foram impedidos de lançar o dirigível.

No entanto, o PSD/Madeira vai processar criminalmente os responsáveis pelo lançamento do dirigível alegando que “o objecto em causa poderia ter causado danos pessoas e materiais gravíssimos, pondo em causa a segurança das pessoas caso caísse no espaço da festa ou chocasse com qualquer infra-estrutura, nomeadamente eléctrica”.

O PND também já fez saber que já apresentou queixa contra desconhecidos.

Vídeo top secret do voo experimental do ameaçador zeppelin do PND




Fontes:

DIÁRIO DE NOTÍCIAS


PÚBLICO - edição de 27-07-2009 página 7


sexta-feira, 24 de julho de 2009

O lago do Palácio de Cristal foi esvaziado, começarão pelo fim?

Esta semana o lago do Palácio de Cristal no Porto foi esvaziado de toda a água levando a crer que, não se tratando de uma generosa limpeza sazonal, foi dado o primeiro passo ou “posto o primeiro tijolo”, da ainda futura requalificação daquele espaço.

Lago do Palácio de Cristal do Porto vazio em 22-07-2009. DR

Segundo se sabe as obras estariam programadas para terem início no final de 2009. Estamos a pouco mais de meio de Julho, pouco mais de meio ano.

Não será prematuro esvaziar o lago?


A resposta depende. Sim, se formos ponderados. Não, se a ideia for denegrir a imagem do lago e transformá-lo num verdadeiro charco (ver este post).

Este episódio lembra-me um pouco, ainda que as consequências deste sejam muito menos nefastas, quando a Câmara Municipal do Porto (CMP) decidiu arrancar centenas de árvores antigas, que ornamentavam o eixo central da Avenida da Boavista desde António Aroso até à rotunda do Castelo do Queijo para “preparar terreno” para a inevitável, inadiável, a certa e segura vinda do Metro para a Avenida da Boavista.

É óbvio que foi para preparar o terreno….mas para o Circuito da Boavista...

É que depois de o mal estar feito....

segunda-feira, 20 de julho de 2009

“..o lago, que actualmente não passa de um charco, vai ser transformado, dando lugar a um espelho de água."

Disse José Carlos Loureiro ao JN, o arquitecto responsável pelo projecto de remodelação do Palácio de Cristal e dos Jardins do Palácio de Cristal.

Desconstruindo a frase de notório tom depreciativo, demonstra-se a falta de conhecimento do arquitecto do meio natural (ou a imprecisão das palavras) assim como a intenção de menosprezar o existente lago.

Recorrendo à Ecologia Aquática encontramos as seguintes definições (simplificadas):

Charco - pequenas formações aquáticas de pequenas dimensões e de duração temporária.

Lago – formações aquáticas naturais de dimensão e profundidade muito variáveis e de duração permanente.

Logo por definição o que existe actualmente nos Jardins do Palácio de Cristal é um lago (artificial é certo) mas permanente e não um charco, como é afirmado pelo arquitecto.

Lago "pequeno" do Parque da Cidade do Porto. AAA

Lago do Palácio de Cristal do Porto. DR

Considerações sobre o Circuito da Boavista

A organização do Circuito da Boavista afirma que “foram mais de 200 mil os espectadores que estiveram a assistir ao Circuito da Boavista”. Quem passeou ao redor do trajecto viu que as bancadas estavam muito aquém de uma assistência em massa, algumas inclusive estavam praticamente desertas durante algumas provas.

Pagar bancada??? Para quê??? Tenho uma "caixa aberta". AAA

A adesão do público

A maioria dos espectadores era constituída pelo público que preferiu não pagar bilhete para as bancadas e curiosos que viam um pouco das corridas e depois seguiam o seu caminho.

Questiono a forma como foram calculadas as 200.000 pessoas. É sem dúvida um número muito expressivo, como referência diga-se que a população residente na cidade do Porto é de cerca de 263.000 habitantes e que o número disponível de lugares nas bancadas era aproximadamente de 14.000 lugares.

Considerando 200.000 espectadores e a fraca aderência às bancadas pagas, seria de esperar uma enchente nas ruas ao longo do circuito. E isso foi coisa que não vi, haviam pessoas sem dúvida ao longo do trajecto, muitas por vezes e em alguns sítios, mas não creio que tantas…

Qual o método usado para fazer a estimativa? Foi a “olhómetro”? Muitas pessoas circulavam ao longo da pista durante o decorrer da prova, se calhar eram contadas inúmeras vezes!

Captação de turistas estrangeiros

Confesso também que não vi muitos estrangeiros, deparei-me com um ou outro grupo pequeno perto do Edifício Transparente (ET) e da "Zona Vip" instalada entre o Castelo do Queijo e o antigo Colégio Luso Internacional, mas a esmagadora maioria dos espectadores das provas eram nacionais, lusos de gema. Os poucos estrangeiros aparentavam pertencer às equipas automóveis.

O Circuito da Boavista parece ser um evento que ainda não conseguiu atrair turistas estrangeiros como seria desejável.

Será este evento um veículo eficaz de promoção internacional da imagem do Porto?

Para responder de forma séria a estas questões será necessários mais dados, nomeadamente da indústria hoteleira.

Tendo em conta que no último fim-de-semana de corridas decorreu também o Festival Super Rock Super Bock, será talvez mais interessante comparar dados de ocupação hoteleira do primeiro fim-de-semana para reduzir a interferência do festival de música no número de camas ocupadas.

O comércio e restauração

Relembro também que apesar de algumas esplanadas estarem mais cheias, como era o caso das esplanadas do Edifício Transparente, penso que a restauração e o comércio à volta do Circuito da Boavista não devem ter tido um aumento muito elevado de vendas.

Provavelmente a restauração do lado de Matosinhos beneficiou mais do que os restaurantes da baixa do Porto.

Claro que quem deve ter aumentado as vendas foi o "El Corte Inglés", instalado em local privilegiado em frente ao ET, local que aliás tem vindo a ser palco dos mais variados agentes económicos.

Lembro-me assim de repente de ver há algumas semanas um camião TIR (local excelente para colocar um veículo destas dimensões) de uma operadora de telecomunicações ou de uma tenda com uma feira de vinhos, até aos recentes stands de automóveis ao ar livre ali implantados.

Havia necessidade de ter um " El Corte Inglés" ali? Já não basta a “luta”que existe entre as grandes superfícies e o comércio tradicional no dia-a-dia?

Aquele espaço não pode ser simplesmente ser uma frente marítima? Ou para ter alguma função, não poderia ser idealizado algo com objectivos menos comerciais? Um parque da jogos para crianças com baloiços e afins, ou alguma exposição temporal sobre ambiente, poluição do mar, qualquer coisa mais útil do que vender, vender ,vender.

O Turismo de Portugal promoveu… o Algarve

Questiono também a afirmação do assessor de impressa do Turismo de Portugal quando disse que “as imagens do Douro e das caves do vinho do Porto vão ser vistas por centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro " se foi cumprida.

“Centenas de milhões” parece-me mesmo um exagero, se pensarmos que a população europeia actual em centenas de milhões tem “apenas” quase 5. Mas admito que poderá ser verdade… que pelo menos viram as corridas…as caves já me parece que não.

De notar que o Turismo de Portugal investiu 1,6 milhões de euros no Circuito da Boavista.

Quando vi este valor pensei na tal promoção internacional da imagem do Porto. Mas qual não foi o meu espanto ao ver que dentro da tenda, situada ao lado do Corte Inglês, havia clássicos para venda, miniaturas, modelismo, venda de gomas (?) e um surpreendente stand do Turismo de Portugal, com promoção não ao Porto, não às caves, não à região norte, mas…. ao Algarve…

Sim, que bela mensagem demos aos poucos turistas estrangeiros que viram esse stand do Turismo de Portugal, venham a Portugal, ao Porto mas depois vão para o Algarve fazer praia que aqui não há nada!

Mas então fazer as corridas compensa?

Nestes grandes eventos há sempre quem goste e quem não goste. Quem ache muito bem porque é algo de diferente que acontece na cidade e quem ache que só traz inconvenientes.

A verdade será provavelmente um misto das duas posições.

Convém recordar que o investimento este ano nas corridas foi de cerca de 4.5 milhões de euros.

Será necessário reflectir sobre as vantagens e desvantagens deste evento. Os benefícios e as emoções das corridas compensam os investimentos e os inconvenientes?

O Porto tem sem dúvida espaços e capacidade para organizar eventos de elevada qualidade, quando digo Porto incluo tanto a iniciativa privada como a pública.

Apostar em atrair turistas é dar-lhes razões para vir à cidade do Porto e nada mais! Tão básico quanto isso!

Barcelona

Vejo o exemplo de cidades como Barcelona que é a segunda cidade de Espanha. Aceito que comparações entre as duas cidades seja difícil, mas deveria ser menos díficil.

Anualmente atrai muitos milhares de turistas e novos residentes. As pessoas sentem vontade de ir a Barcelona. Porquê?

Muito pelo que a cidade oferece através de festivais de música, arte, espectáculos, feiras internacionais, pela arquitectura, pelo desejo de aprender a língua, pelas praias, pela diversão nocturna, pela vivacidade e ritmo da cidade, pelos excelentes museus, e podia continuar com inúmeras razões…

É uma aposta diversificada, apontada para vários extractos sociais, económicos, etários e expectativas de vida em geral.

As corridas parecem-me uma actividade demasiado focada que acaba por não dar em nada, comparativamente com apostas diversificadas e actuais.

Porto se quer ser um destino turístico urbano ao nível europeu, tem de ser mais inteligente na forma de investir nos seus eventos internacionais e de ser mais competitivo e arrojado na oferta de razões para vir ao Porto.

Mais uma bancada "caseira".AAA

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Nova zona desportiva do Parque da Cidade do Porto

O Parque da Cidade do Porto (PC) sofreu uma remodelação na zona onde se localizava antigamente um campo de terra batida e organizavam-se jogos de futebol e outras actividades desportivas.

Entrada da nova zona desportiva. AAA

A área após remodelação

Foi a visão negra de asfalto novinho em folha em pleno PC que chamou-me à atenção para a nova zona desportiva.

A zona ainda parcialmente vedada e com trabalhos de última hora, acolhia um qualquer evento, no qual era notória a presença de desportistas de várias modalidades.

A área conta com uma zona de pavimento asfaltado (diria que terá cerca de 1ha, uns 100 x 100m), um campo de relvado sintético para futebol de 5 (disse 5 pois o campo é pequeno, mas confesso perceber muito pouco de futebol), dois campos de areia para a prática de voleibol (são visíveis os suportes para colocar as redes) e duas mesas de ping-pong.

Deixo aqui algumas fotos para os leitores verem.

Zona asfaltada. AAA

AAA

AAA

Máquinas de remo. AAA

Novo relvado artificial. AAA

AAA

Instruções para "semear" a relva. AAA

Um dos dois campos de voleibol. AAA

Uma das duas mesas de ping-pong. AAA



quinta-feira, 16 de julho de 2009

Informação sobre a vacinação - parte II - a versão assustadora

Reportagem da CBS "60 minutes" sobre a campanha de vacinação dos EUA, na qual foram administradas 46 milhões de vacinas. O que ficou por dizer à população foram os riscos conhecidos desta vacina.

A propósito desta resolução aprovada pelo Governo português.


Parte I - áudio em inglês não legendado


Parte II -áudio em inglês não legendado

Informação sobre a vacinação - parte I - a versão alegre

Parte I -áudio em português


Parte II -áudio em português


Parte III -áudio em português

A confusão de Sócrates com as bolsas de estudo

Qualquer um de nós engana-se, mas é não por causa disso que deixa de ser engraçado ver os políticos às voltas com números...



....e um clássico para recordar....

quarta-feira, 15 de julho de 2009

São só boas notícias para os jornalistas


«Público»: jornalistas ameaçados com despedimento colectivo
ler no TVI 24

Recordar é viver: O arrastão... dos média

No jornalismo «não se pode fingir que o que se diz não tem resultados», afirmou a jornalista Diana Andringa em 2007 no portal ComUM.

Em 2005 o caso do Arrastão na praia de Carcavelos foi mais do que mediatizado. Quinhentas pessoas tinham invadido o areal da praia e «desataram a assaltar e a agredir os banhistas», como foi dito textualmente por um pivot bastante conhecido na praça. Por coincidência eram pretos e também só por acaso era dia 10 de Junho.

O que nunca foi mediatizado é que não estavam lá quinhentos criminosos, não houve invasão do areal, mas num ponto nada mudou, era dia 10 de Junho.

«Era uma vez um arrastão», reportagem de Diana Andringa desmonta um acontecimento que se veio a revelar num fenómeno que abre a porta à reflexão a todos os profissionais do jornalismo.

Nunca é de mais recordar este excelente trabalho, especialmente numa fase em que a rapidez é cada vez mais a palavra de ordem, numa classe que enfrenta um período turbulento em que a precariedade aliada à lógica comercial dos administradores das empresas que detêm os órgãos de comunicação social podem influenciar directamente no desempenho profissional.

Era uma vez um arrastão:



Entrevista com Diana Andringo sobre reportagem:

Sem comentários (uma espécie de euronews mas aparvalhado)


DR

Um fã de Harry Potter cometeu suicídio após ter ouvido acidentalmente a história do próximo filme da série.

De acordo com o jornal «Huffington Post», Jude Ralston, de 32 anos, deixou uma carta que revelava que depois de ter ouvido o spoiler da longa-metragem, «Harry Potter and the Half-Blood Prince», não tinha «mais razões para continuar vivo».

Está bonito...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Jornal Público noticia contestação da Campo Aberto

DR

É hoje notícia no jornal Público a contestação da associação ambientalista Campo Aberto, relativamente ao projecto actual para a requalificação do Pavilhão Rosa Mota/ Jardins Palácio de Cristal.

Ler notícia aqui.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Bill Gates desenvolve sistema que pretende ser capaz de deter furacões como o Katrina


DR

O sistema desenvolvido e patenteado pelo conhecido fundador da Microsoft prevê deter a formação e progressão de furacões (ciclones tropicais), através da diminuição da temperatura da superfície do oceano (ou mar) com o recurso a inúmeras plataformas que bombeiam água fria das profundezas para a superfície.

O que são os furacões?


São ciclones tropicais caracterizados por: um sistema tempestuoso de baixas pressões (depressão), ocorrência de trovoadas e por um núcleo morno que produz ventos fortes. Quando atinge o continente produz fortes chuvas torrenciais.

Fenómenos semelhantes, designações diferentes

Os ciclones tropicais são designados, consoante a área geográfica de ocorrência, por:

furacões (hurricanes) no Oceano Atlântico Norte - Golfo do México, Caraíbas e na região Leste dos Estados Unidos;

tufão no Oceano Pacífico Norte, na região Oeste dos Estados Unidos, Japão e China. Nas Filipinas são apelidados por baguios;

ciclone tropical severo na região sudoeste do Oceano Pacífico, Austrália, Nova Zelândia, Indonésia, etc.;

tempestade ciclónica severa na região norte do Oceano Índico, Índia, Bangladesh, Paquistão, etc.;

ciclone tropical na região sudoeste do Oceano Índico, Madagáscar, Moçambique, Quénia, etc.

Como e onde se formam?


Simplificando. Formam-se habitualmente em regiões tropicais de baixa pressão atmosférica, entre os 10º e 30º de latitude, onde a temperatura da superfície da água atinge pelo menos os 26,5ºC nos primeiros 50m de profundidade.

A forte intensidade solar dos trópicos favorece a evaporação de água do mar para a atmosfera que ao condensar devido à menor temperatura da atmosfera relativamente à superfície do mar, liberta energia para atmosfera e forma nuvens.

Este acréscimo de energia na atmosfera e a ascensão de massas de vapor de água, cria ventos e consequentemente a formação de ciclones tropicais com ventos elevados.

Geralmente estes fenómenos climáticos têm um “período de vida” de aproximadamente 3 semanas, entre a sua formação e desaparecimento.

A ideia do Sr. Gates e companhia


Basicamente gastar rios e rios de dinheiro, recursos humanos e logísticos para impedir a ocorrência de um fenómeno perfeitamente natural da natureza.

Como? Através da utilização de plataformas preparadas com um sistema que bombeia água fria de zonas mais profundas para a superfície, de modo a baixar a temperatura da superfície do mar, eliminando assim uma das condições básicas para a formação do referido fenómeno atmosférico.

Refira-se que um ciclone tropical é considerado anão, se tiver um raio inferior a 333 km e muito grande quando ultrapassa os 888 km.

Se imaginarmos os km2 de área a intervir para se baixar significativamente a temperatura dos primeiros 50m de profundidade num espaço de tempo reduzido e sobre condições adversas, conclui-se que é uma tarefa simplesmente megalómana.

Que virá a seguir?

Os ciclones tropicais são fenómenos climáticos que têm sem dúvida elevados custos humanos e económicos, mas quais serão as consequências de se controlar a natureza? Serão imprevisíveis no mínimo.

Deve haver 1001 maneiras mais eficientes do Sr. Gates aplicar o seu dinheiro na área da climatologia e protecção civil… que virá a seguir??

A instalação de uma rede ao ar livre de ar condicionados gigantes para impedir o aquecimento global?

Helicópteros equipados com aspiradores de nuvens para impedir as cheias?

O Homem terá de se conformar algum dia que não pode dominar a 100% a Natureza...

Imagem do Katrina no Golfo do México. DR.
Fontes:
El Mundo
Tech Flash
Instituto de Meteorologia
Wikipédia

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Questões de fundo pertinentes sobre o negócio do Palácio

Vista oeste. DR

Após escrever o anterior texto, ponderei, reflecti e tive acesso a mais dados sobre o que está em jogo no Pavilhão Rosa Mota (PRM) e Jardins do Palácio de Cristal.

A verdade é que analisando os dados novamente, surgiram questões muito pertinentes, questões porventura mais profundas do que as relacionadas com o impacte na vegetação e (des)equilibro do Jardim devido à construção das “salas anexas” e do espelho de água, sem menosprezar o merecido valor desses argumentos.

Questões que passam despercebidas na “Proposta de Reabilitação/Requalificação do Pavilhão Rosa Mota” e que para as quais não encontro resposta no referido documento. Posso ser eu que não interpreto correctamente o texto… e se for esse o caso, apelo que me corrijam.

Deixo o convite aos leitores para fazerem as suas leituras e concluírem se ficam com dúvidas semelhantes às minhas.

Proponho a leitura do documento: “Proposta de Reabilitação/Requalificação do Pavilhão Rosa Mota” e para os mais interessados uma visita à página da Campo Aberto onde estão disponíveis mais documentos.

Nota: não me é possível aceder ao Anexo I - Candidatura Consórcio 13.02.2008.pdf na página da Campo Aberto. Esse Anexo I é o documento aqui referido como "Proposta de Reabilitação/Requalificação do Pavilhão Rosa Mota”

Partilho de seguida as dúvidas que tenho e que gostaria de ver clarificadas.

Dois pressupostos importantes

- Da leitura da Proposta de Reabilitação/Requalificação do Pavilhão Rosa Mota, concluo que quando os autores querem referir-se ao PRM, referem-se ao PRM exclusivamente.

- Logo, quando se referem a “salas anexas” referem-se única e exclusivamente às “salas anexas” (edifício novo a construir no exterior do Palácio, que ocupará parte do actual lago).

À primeira vista podem parecer pressupostos demasiado óbvios, mas é importante definir exactamente a que espaços as palavras se referem, porque como explicarei de seguida, as implicações da sua interpretação podem ser muito distintas.

Exploração das dúvidas


1. A concessão

“O Contrato de Cessão de Exploração compreenderá o direito à exploração em exclusivo do PRM, incluindo a gestão do projecto de reabilitação/requalificação do PRM, e obedecerá aos requisitos e pressupostos constantes das fichas técnicas que constituem os Anexos IV e V da deliberação da Câmara Municipal do Porto.” - “Proposta de Reabilitação/ do Pavilhão Rosa Mota”, página 4.

“O presente documento constitui a proposta conjunta da Parceria AEP / Associação Amigos do Coliseu do Porto / Atlântico / Parque EXPO (adiante também designada de Consórcio) para a exploração do PRM, incluindo a gestão de projecto de reabilitação/requalificação do equipamento (adiante designada Proposta). - “Proposta de Reabilitação/ do Pavilhão Rosa Mota”, página 4.

“2. Caracterização e do objecto
- Cessão do direito à exploração do Pavilhão ao Cessionário, nos termos previstos no contrato-programa e com observância dos limites deste.” Anexo IV – Ficha Técnica do Contracto de Cessão de Exploração

Concluo que o direito concedido de explorar refere-se única e exclusivamente ao PRM, note-se que não são mencionados nos excertos as “salas anexas”.

2. As dúvidas financeiras

2.1. O financiamento das “salas anexas”

“A Parceria AEP / Associação Amigos do Coliseu do Porto / Atlântico / Parque EXPO propõe-se:”
“Assumir o investimento correspondente a obra adicional, caso venha a ser definida pela Parceria, aceite pela Porto Lazer e validada pelo Arquitecto do Projecto, de expansão do espaço "Salas Anexas" em cerca de 2.500 m2 e cuja valorização é de aproximadamente € 1.500.000.” – “Proposta de Reabilitação/ do Pavilhão Rosa Mota”, página 9.

Concluo que a construção do edifício “salas anexas” será paga na totalidade pelo consórcio.

2.2. Pagamento de renda

“B) Assumir o pagamento de:
renda anual no valor de 550.000 € (quinhentos e cinquenta mil euros), no primeiro ano, a ser paga trimestralmente e postecipada nos 30 (trinta) dias subsequente são términos de cada período.

Esta renda é actualizada anualmente pela taxa de inflação de acordo com o índice apresentado para cada ano, pelo Governo, no Orçamento de Estado, e:

renda anual variável de 3,00 % (três por cento) do valor das receitas de exploração, até € 4.000.000 de Proveitos e de 4% (quatro por cento) sobre o remanescente acima de € 4.000.000 de Proveitos.

Entende-se por receitas de exploração os valores de aluguer de espaço e outras receitas directamente relacionadas com esse aluguer de espaço, a ser paga em simultâneo com a renda fixa.

Este valor variável será pago em simultâneo com a renda fixa”

“Proposta de Reabilitação/ do Pavilhão Rosa Mota”, página 9.

Concluo que:

- Aparentemente o edifício “salas anexas” não pagará renda à CMP nem as receitas provenientes desse espaço entram no pagamento da renda variável.

- Admito que o texto não seja claro para poder concluir com certeza, é portanto uma dúvida muito importante que fica.

Questões e implicações

Caso a minha interpretação dos factos eseja correcta, estamos perante um negócio muito vantajoso para o consórcio no que se refere às “salas anexas”.

Repare-se que o consórcio assume o “investimento correspondente a obra adicional”, ou seja vai pagar a construção das “salas anexas”. No entanto, paga a construção e tem o terreno de graça? A Câmara cede o terreno? Se o dono daquele edifício é o consórcio, porque o pagou na totalidade, o que acontece quando terminarem os 25 anos de exploração do PRM? O PRM volta para a Câmara (isso é certo caso não seja renovado o contracto), mas o que acontece ao edifício “salas anexas”? Fica na mão do consórcio? É necessário esclarecer estas questões.

Afinal de contas, a renda fixa de 550.000 euros anuais é paga pela exploração do PRM? Ou pelo conjunto do PRM e das “salas anexas”? Não é claro no documento.

As receitas provenientes da exploração das “salas anexas” entram na componente variável da renda para à CMP? Não é claro no documento.

Considerações finais

São questões e dúvidas muito pertinentes, não quero lançar falsas suspeitas, mas apenas levantar questões que no meu humilde entendimento não estão claras nos documentos. Não sou entendido em matéria de finanças ou economia, mas o sentido comum forçou-me a suscitar estas dúvidas.

Se se verificarem como verdadeiras algumas destas dúvidas, será a meu ver, um argumento forte contra a construção das “salas anexas” e da consequente substituição do lago pelo espelho de água, pondo em causa o actual projecto.

Entendo que a cidade poderia beneficiar mais com uma intervenção que se restringisse apenas ao interior do PRM.

Vista do espelho de água. DR

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A intervenção proposta para o Palácio de Cristal: alguns factos e ideias

Lago dos Jardins do Palácio de Cristal. DR

Opinião baseada em factos

Começa a surgir alguma discussão sobre o projecto de requalificação escolhido para o Pavilhão Rosa Mota (PRM) e Jardins do Palácio de Cristal no Porto. É imprescindível estar ciente do maior número possível de factos e de dose inversa de demagogia.

Pretende-se contribuir para que seja possível a todos os interessados neste tema, formularem a sua opinião de forma esclarecida.

É importante acautelar que, na minha leitura dos factos, o modelo de negócio, a intervenção no PRM e a intervenção no seu exterior, são questões que podem ser independentes umas das outras.

De seguida descrevem-se em traços gerais algumas das principais componentes do projecto: o modelo de negócio proposto, as intervenções no PRM e por fim a intervenção nos Jardins do Palácio.

1) O modelo de negócio proposto

O PRM é uma infra-estrutura gerida pelo Porto Lazer – Empresa de Desporto e Lazer do Município do Porto, EM, que actualmente não alberga eventos com periodicidade regular e com relevância em número de visitantes anuais.

A actual proposta de negócio visa criar uma sociedade, sob a forma de uma parceria público-privada entre a Porto Lazer e um consórcio. Esse consórcio tem a seguinte constituição:

- AEP - Associação Empresarial de Portugal
- Associação Amigos do Coliseu do Porto
- Atlântico - Pavilhão Multiusos de Lisboa, S.A
- Parque Expo 98, S.A.

1.1) A parceria público-privada

A Porto Lazer será detentora de 20% do capital social e o consórcio 80%. Durante 25 anos o consórcio será responsável pela exploração do PRM.

Durante esse período será pago pelo consórcio uma renda anual de 550.000 euros acrescido de uma renda anual variável, correspondente a uma percentagem de 3% no caso das receitas provenientes da exploração do PRM serem inferiores a 4.000.000 euros, ou 4% se o valor das receitas for superior a 4.000.000 euros.

1.2) O investimento

O investimento previsto será de cerca de 1.500.000 euros por parte do consórcio. A Porto Lazer investirá 15.500.000 euros, dos quais, 4.650.000 euros poderão vir do QREN (Quadro de Estratégia de Referência Nacional).

O edifício novo a construir, referido no projecto como “salas anexas” terá um investimento previsto de 1.500.000 euros suportado pelo consórcio.

O Período de Recuperação do Investimento (PBP) da CMP/Porto Lazer foi calculado em 15 anos.

2) Não “meter tudo no mesmo saco”

É preciso não confundir espaços e ser preciso nas palavras e ideias que se querem transmitir.
A intervenção projectada pode ser separada em três partes: a reabilitação/requalificação do PRM, a construção das “salas anexas” e a construção de um espelho de água.

A meu ver, esta é uma forma lógica de se analisar um tema complexo. Formular uma opinião sobre cada uma das partes individuais e depois ponderar sobre a globalidade do projecto.
A definição das oportunidades de melhoria do projecto será também mais óbvia.

2.1) Reabilitação/requalificação do PRM

A proposta de reabilitação/requalificação do consórcio, assenta na ideia que após a intervenção naquele espaço, o Porto ficará dotado de um equipamento novo com características únicas na cidade e na periferia, de modo a poder albergar eventos de natureza variada. A cidade ganhará um pavilhão multiusos e não apenas um centro de congressos como às vezes tem sido referido.

Devido à classificação do PRM pelo IPPAR as características arquitectónicas não serão alteradas e a renovação será fundamentalmente no interior do edifício.

A requalificação/reabilitação do interior do Pavilhão Rosa Mota tem como objectivo principal, adoptar o edifício de modo a ter condições excepcionais para o acolhimento de:

- Espectáculos (concertos, música e dança)
- Eventos desportivos
- Family shows (espectáculos infantis, espectáculos no gelo, espectáculos equestres, circos, etc)
- Acolhimento de congressos, seminários e reuniões de empresas
- Realização de banquetes e catering.

2.2) Construção das “salas anexas”

No actual projecto está previsto a construção de um edifício novo no exterior do PRM com uma área de 2.500 m2. São as chamadas “salas anexas”, cujas funções não estão ainda bem definidas.

A localização da sua construção situa-se numa área que actualmente, penso eu, está ocupada em parte pelo lago. É devido à construção desta estrutura que surgem as questões relacionadas com o impacte negativo na vegetação da área circundante ao lago.

No entanto não se pode falar de “destruição dos Jardins do Palácio” com tenho visto anunciado com grande alarmismo, visto que é numa área dos Jardins muito específica e com todos sabemos os Jardins são muitos mais extensos do que a área adjacente ao lago.

Será de prever que a construção do edifício em si nessa zona, implicará movimentações de terra e maquinaria pesada. Os impactes decorrentes da construção, prevejo que sejam significativos e contraditórios dadas as funções de lazer que os Jardins do Palácio de Cristal actualmente desempenham.

Este edifício servirá provavelmente para acolher eventos de dimensão mais pequena que não sejam capazes de preencher a lotação do Pavilhão Rosa Mota requalificado. Albergará eventualmente algum tipo de restaurante com funções de banquetes e de catering, no contexto de reuniões empresariais e de congressos.

2.3) Construção de um espelho de água

Está previsto no actual projecto a substituição do actual lago por um espelho de água.
Sobre esta particularidade do projecto não disponho de muita informação. O projecto arquitectónico teria que ser alvo de estudo para poder opinar de forma esclarecida.

Entendo que os autores do projecto arquitectónico terão concluído que é necessário intervir no lago para construir o novo edifício “salas anexas”. Portanto a abordagem encontrada foi a eliminação total do lago com a construção de um espelho de água.

Concluiu-se a meu ver, que a motivação principal e senão a única razão, para intervir de forma tão drástica no lago é a própria construção do novo edifício e o seu enquadramento estético, sob o ponto de vista dos autores do projecto arquitectónico.

A individualidade das questões e tomada de posição

Podemos ser a favor ou contra cada uma das partes individuais do projecto proposto. Poderei ser a favor da reabilitação do Pavilhão Rosa Mota e contra a construção das “salas anexas” por entender que são dispensáveis e que não justificam a construção de qualquer edifício nos Jardins do Palácio de Cristal.

Consequentemente sem a construção do novo edifício, deixa de haver motivo para destruir o actual lago, preservando o património existente e poupando o Jardim de sacrifícios.

Quero ainda ressalvar que meu entendimento, o acesso aos Jardins do Palácio de Cristal continuará obviamente a ser gratuito e ninguém será impedido de os visitar, que não seja esquecido que no seu interior existe uma biblioteca municipal.

Exige-se a utilização de argumentos válidos, lógicos, verdadeiros e sobretudo assentes em factos e não em especulações.

Espero que o presente texto contribua para um debate público esclarecedor, motivador de tomadas de posição e de soluções alternativas e recordo que esse deverá ser o objectivo e não uma luta desordenada de argumentos duvidosos.

Voltaremos a este assunto

Palácio de Cristal original construído para acolher a Exposição Industrial Internacional do Porto e da Península. DR

terça-feira, 7 de julho de 2009

My name is Sawers, John Sawers - agente pouco secreto



É verdade que os espiões já não são como eram dantes, homens e mulheres desconhecidos verdadeiros mestres na arte de tudo observarem sem serem vistos, hábeis na delicada arte do disfarce e do jogo duplo, capazes de se infiltrarem nos locais mais protegidos graças às suas extraordinárias habilidades de passarem despercebidos e de manter o low profile.


No jogo do rato e do gato, por vezes a melhor estratégia a adoptar consiste em esconder o objecto ou informação no sítio mais provável e óbvio com a esperança que seja tão evidente que passe despercebido.

Imagem retirada daqui


Terá sido talvez este o raciocínio de Lady Shelley Sawers, mulher do próximo chefe do MI6, o serviço secreto responsável pela espionagem britânica no estrangeiro, quando inocentemente colocou 19 fotografias da sua família incluindo o marido John Sawers e de amigos na rede social Facebook sem qualquer tipo de restrição à sua visualização. Foram mais de 200 milhões de utilizadores que potencialmente viram as fotos.

Os inimigos de John Sawers irão tremer de medo quando se lembrarem das imagens do chefe dos spooks britânicos de calções Speedo justos a jogar frisbee na praia, moreno dos cotovelos para baixo.

Notíca no jornal britânico Guardian

sábado, 4 de julho de 2009

"Estou-me cagando" afirma Manuel Vilarinho

Estava Manuel Vilarinho a preparar o discurso de apresentação do resultado das eleições, quando foi questionado por um jornalista da RTP, sobre a possibilidade de uma impugnação dos resultados do escrutínio.

Vilarinho sem papas na língua e demonstrando um grande nível intelectual tem uma brilhante e curta resposta.


sexta-feira, 3 de julho de 2009

4.500.000 de euros para o arranque do Circuito da Boavista

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O valor que não aparecia. Após várias pesquisas, o Falascreve tentou sem sucesso encontrar o orçamento do Circuito da Boavista de 2009. Hoje o valor foi adiantado pelo director executivo do circuito, Vítor Ferreira, ao jornal Público.

4.5 milhões de euros

Finalmente foi tornado público por fontes oficiais, um valor de referência do orçamento do evento desportivo que tem início hoje na cidade do Porto. São 4,5 milhões de euros.

O Turismo de Portugal contribuiu com 1,6 milhões de euros no evento justificando que “não se trata apenas das provas em si, mas de projectar o Porto como cidade de grande potencial turístico” e que “as imagens do Douro e das caves do vinho do Porto vão ser vistas por centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro ", afirmou o assessor de impressa.

A falta de informação sobre as contas deste evento, disponibilizada pelas entidades responsáveis pela organização, nomeadamente a Câmara Municipal do Porto, tem sido motivo de várias críticas. Sabe-se que o evento de 2007 teve um prejuízo de 317 mil euros.

Se o evento será visto por “centenas de milhões de pessoas” na televisão não sei. Sei que existe um total de 14 mil lugares disponíveis nas bancadas e 5 mil no paddock e que foram vendidos perto de 60% até anteontem. Sei também que os lugares não pagos onde é possível observar as corridas são limitados e com fracas condições de visibilidade e de conforto. Entendo que é um evento que não é de massas, é realizado na cidade numa zona nobre, mas não para o cidadão comum.

Benefícios para a cidade ainda pouco claros

Será necessário estudar se este será o caminho a seguir para a cidade do Porto. O assessor de impressa do Turismo de Portugal referiu que “centenas de milhões” de pessoas iam ver imagens das caves do vinho do Porto e do Douro. Bem, para me pronunciar sobre isso terei que estar muito atento, visto que as corridas passam-se no lado oposto da cidade, mais depressa vêem o Parque da Cidade e o mar, que propriamente o Douro e as caves, bem a ver vamos.

No final do evento, gostava de ver números de camas ocupadas nos hotéis da cidade e o número de passageiros estrangeiros que chegaram via aérea propositadamente para este evento.

Voltaremos a este tema

Delta do Níger, palco de "tragédia de direitos humanos"

DR

Um recente relatório da organização Amnistia Internacional sobre petróleo, poluição e pobreza na região do Delta do Níger descreve a situação como “tragédia de direitos humanos”.

O relatório

A principal empresa responsável pelo actual estado da região é a empresa petrolífera Shell, que há várias décadas mantém actividade na região. No relatório é afirmado que a referida empresa tem importantes responsabilidades em situações de derrames de petróleo, queima de gás, despejo de resíduos, violações de direitos humanos e outros impactos ambientais.

No fim do relatório são apresentadas as conclusões e um conjunto de recomendações ao governo e empresas.
Para os interessados neste tema, vale a pena dar uma vista de olhos no relatório disponível aqui.

As populações sobrevivem num ambiente poluído

“As pessoas que vivem no Delta do Níger têm que beber, cozinhar e tomar banho com água poluída. Comem peixe contaminado com petróleo e outras toxinas – se tiverem a sorte de ainda encontrar peixe. A terra que cultivam está a ser destruída. Após os derrames de petróleo, o ar que respiram cheira a petróleo, gás e outros poluentes. As pessoas queixam-se de problemas respiratórios e lesões de pele – e, no entanto, nem o governo nem as petrolíferas monitorizam o impacto humano da poluição petrolífera”, é afirmado por Audrey Gaughran.

O governo nigeriano, segundo o relatório, está ciente do grave desastre ambiental e da violação de direitos humanos das populações locais, sendo acusado de falta de regulação governamental, é afirmado que “o Governo nigeriano está a falhar na sua obrigação de respeitar e proteger os direitos das pessoas do Delta do Níger, a alimentação, água, saúde e subsistência”. “Algumas companhias petrolíferas, por seu lado, aproveitaram-se desta falha do governo e demonstraram uma chocante indiferença relativamente ao impacto humano das suas actividades”

Shell, conhecida infractora

A empresa Shell partilha com o governo nigeriano responsabilidades porque não põe em prática a tecnologia e o conhecimento que existe actualmente para minimizar os graves impactes ambientais e humanos que são causados pela indústria petrolífera, numa região sensível onde populações com graves deficiências económicas, dependem dos recursos naturais de que dispõem para sobreviver.

Recentemente a Shell, foi acusada de cumplicidade num caso de violação de direitos humanos na Nigéria, incluindo a morte por enforcamento de 9 pessoas uma das quais o conhecido escritor, activista ambiental e pacifista Ken Saro-Wiwa, como foi relatado aqui.

Sem saída?

Todos nós ficamos perturbados com estes acontecimentos e todos desejamos que seres humanos que vivem em países, que por desgraça deles, têm petróleo e gás, não sofram estas graves consequências ambientais, de saúde pública e de violação de direitos humanos.
Perante isto que se pode pensar de empresas como a Shell? Da indústria petrolífera? Será legítimo pensar que o melhor será olhar para o lado, porque tem de ser assim? Porque aparentemente vivemos num período da história em que o petróleo move os mais poderosos, desde os governos às mega empresas.

Exércitos são mobilizados meio mundo para invadirem países e assegurarem o abastecimento energético, em nome da liberdade e da segurança mundial, ecossistemas inteiros são destruídos e solo e água são contaminados, em nome do lucro e da ânsia de satisfazer mercados.

A luz ao fundo do túnel será o fim do petróleo, a origem de muitos males. Outros males virão em seu lugar…

Saddam fala mais e nas alturas oportunas depois de morto


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O FBI divulgou nesta quinta-feira os documentos dos interrogatórios feitos a Saddam Hussein, antes de ser executado, que de acordo com a BBC revelam que o ex-líder iraquiano temia um ataque por parte do Irão.

O mesmo órgão de comunicação adianta ainda que Saddam referiu que a Coreia do Norte seria o seu principal aliado num eventual conflito.

De acordo com a notícia o ex-líder iraquiano afirmou ter a certeza de que o Irão representava a maior ameaça para o Iraque e que , por isso mesmo, impediu que os inspectores da ONU, que procuravam armas de destruição maciça, entrassem no Iraque na década de 90.

O documento afirma que para Hussein era preferível arriscar e enfrentar a cólera dos norte-americanos do que permitir que o Irão soubesse que o Iraque estava enfraquecido.

Saddam fez ainda uma previsão, uma espécie de epifania a ser revelada após a sua morte, que dava conta de que o Irão se transformaria numa grande ameaça para a região.

De resto não deixa de ser estranho que o líder de um país que atacou o Irão, apoiado pelos Estados Unidos, revele «depois de morto» o temor que sentia pelo país que agrediu nos anos oitenta.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Manuel Pinho chama a atenção no país das touradas


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«El ministro de Economía de Portugal dimite tras llamar cornudo a un diputado»
publicado no El País

OLÉ!

Schwarzenegger exterminado pelas finanças da Califórnia


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Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, declarou nesta quarta-feira «emergência fiscal» no Estado onde desempenha as funções de mayor.

A agência AFP refere que a decisão foi tomada na sequência do actual déficit nas finanças do Estado, que chega aos 2,8 mil milhões de dólares, o que impedirá a Califórnia de pagar as suas contas a partir desta quinta-feira.

As previsões mais optimistas apontam para que em Setembro de 2009 o déficit possa atingir os 6,5 mil milhões de dólares, a não ser que o Congresso aprove severos cortes nos serviços públicos, incluindo educação e programas sociais.

Schwarzenegger convocou uma sessão extraordinária do Congresso estatal para resolver o déficit no orçamento, que dentro de dois anos pode chegar aos 24 mil milhões de dólares.

Irão e Ocidente medem forças


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O general Hassan Firouzabadi, chefe do Estado-Maior do Exército iraniano, afirmou nesta quarta-feira que a União Europeia (UE) interferiu nas eleições de 12 de Junho e por isso perdeu a legitimidade para negociar sobre o programa nuclear do país.

De acordo com a agência de notícias local Fars, citada pela EFE, o militar exige um pedido de desculpas por parte de Bruxelas caso a UE queira recuperar a posição de interlocutora na problemática.

O general afirma que «a UE perdeu a posição para manter um diálogo nuclear com o Irão devido à interferência dos seus membros nos distúrbios que se seguiram às eleições» Desta forma entende «que não devem participar nas negociações sem que antes se desculpem por esse enorme erro e sem que mostrem um arrependimento real».

Na sequência da polémica reeleição do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que gerou uma onda de protestos populares por todo o país, o Irão acusou ainda a comunidade internacional, em particular os Estados Unidos, a Alemanha, França e o Reino Unido, de estimularem os distúrbios para provocarem aquilo que chamam de uma «revolução de veludo».

Obama discute Irão e questão nuclear com russos e chineses

A Casa Branca, referida pela agência AFP, revelou, no mesmo dia, que a questão nuclear e a situação política iraniana ocuparão um lugar de destaque, na próxima semana, nas conversas que o presidente norte-americano, Barack Obama, vai ter com os dirigentes russos e com os chefes de Estado das potências mais industrializadas do G8.

Na cúpula do G8 em L'Aquila, na Itália, Barack Obama, também vai levar a cabo reuniões bilaterais com o presidente chinês, Hu Jintao.

Déjà vu na antiga Pérsia

Numa altura em que os jornalistas debandaram do Irão e numa fase onde escasseiam as noticias vindas do mesmo país, torna-se cada vez mais difícil de arriscar numa leitura dos acontecimentos que não caia em saco roto.

No entanto é certo que este braço de ferro que envolve a UE, os EUA, China, Rússia e Irão está ainda no início. Resta aguardar e, enquanto se espera, talvez não seja má ideia estudar a história recente destes mesmos intervenientes, no mesmo espaço, mas noutros tempos, para encontrar pistas sobre o que se segue.

Futebol lava dinheiro de grupos criminosos, diz estudo


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Uma investigação realizada em mais de 20 países, divulgada nesta quarta-feira, conclui que a indústria do futebol é usada por grupos criminosos para lavagem de dinheiro e tráfico de pessoas.

De acordo com a BBC, a Força-Tarefa Financeira - uma agência intergovernamental responsável pelo rastreio de recursos de origem criminosa - afirma que a importância económica do futebol, que é cada vez maior, transformou o desporto num alvo preferencial para a lavagem de dinheiro.

O documento divulgado refere que «o fluxo de grandes quantias de dinheiro no desporto tem efeitos positivos, mas também há consequências negativas», tendo em conta que «há um risco mais elevado de fraude e corrupção, dada a quantidade de recursos em jogo».

Administrações dos clubes pouco profissionais

A investigação revela que os criminosos tendem cada vez mais a apostar na compra de clubes e no financiamento para a compra de jogadores no sentido de «legitimar» os recursos.

A organização encarregue pelo estudo conclui que o futebol é especialmente atraente para os grupos criminosos pelo facto de a estrutura do sector facilitar a entrada aos recém-chegados no negócio. Segundo a investigação, isso acontece por haver muita gente envolvida e por existir falta de profissionalismo nas administrações dos clubes.

Para além das práticas já citadas, o relatório também aponta alguns casos em que o futebol é usado para lavar dinheiro proveniente do tráfico de pessoas, corrupção, tráfico de droga e evasão fiscal.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O sonho de Miguel Sousa Tavares

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«Esta noite sonhei com Mário Lino»

por Miguel Sousa Tavares publicado no Expresso

«Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:

- É sempre assim, esta auto-estrada?

- Assim, como?

- Deserta, magnífica, sem trânsito?

- É, é sempre assim.

- Todos os dias?

- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?

- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.

- E têm mais auto-estradas destas?

- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.

- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?

- Porque assim não pagam portagem.

- E porque são quase todos espanhóis?

- Vêm trazer-nos comida.

- Mas vocês não têm agricultura?

- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

- Mas para os espanhóis é?

- Pelos vistos...

Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

- Mas porque não investem antes no comboio?

- Investimos, mas não resultou.

- Não resultou, como?

- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.

- Mas porquê?

- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.

- E gastaram nisso uma fortuna?

- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...

- Estás a brincar comigo!

- Não, estou a falar a sério!

- E o que fizeram a esses incompetentes?

- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?

- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.

Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?

- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?

- Isso mesmo.

- E como entra em Lisboa?

- Por uma nova ponte que vão fazer.

- Uma ponte ferroviária?

- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

- Pois é.

- E, então?

- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.

Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...

- Não, não vai ter.

- Não vai? Então, vai ser uma ruína!

- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.

- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?

- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

- E vocês não despedem o Governo?

- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...

- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.

- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?

- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.

Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.

- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?

- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.

- Não me pareceu nada...

- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?

- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.

- E tu acreditas nisso?

- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?

- Um lago enorme! Extraordinário!

- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

- Ena! Deve produzir energia para meio país!

- Praticamente zero.

- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?

- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.

- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.

Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.

Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:

- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!»