terça-feira, 30 de junho de 2009

Petróleo: a origem de muitos males

DR

No seguimento do post anterior, lembrei-me de um documentário que vi há já algum tempo e pensei que seria apropriado apresentá-lo. Chama-se “Crude Impact” e durante 1hora e 37 minutos são abordados diversos temas relacionados com a nossa dependência do petróleo e dos seus derivados.

Uma pequena sinopse

O documentário está dividido por temas, começando por abordar o consumismo ocidental e em particular o norte-americano com a sua cultura e estilo de vida caracterizados por um enorme desperdício e consumo exacerbado de recursos. É ilustrada a origem e a movimentação de produtos derivados do petróleo como plásticos, insecticidas, combustíveis, nylon, etc e toda a energia desperdiçada para os criar, processar, transportar e comercializar.

Os problemas de poluição, destruição da natureza e a exploração de populações nativas de países pouco desenvolvidos mas possuidores de reservas petrolíferas são exemplificados com dois conhecidos casos: o caso da Texaco no Ecuador e o caso da Shell no delta da Nigéria.

Para finalizar o documentário aborda temas como as alterações climáticas, o pico do petróleo nos Estados Unidos da América nos anos 70 do século XX, o pico de petróleo mundial e os conflitos geopolíticos da actualidade em torno do controlo de reservas petrolíferas.

O “Crude Impact” termina, de forma muito semelhante a muitos outros documentários americanos, com uma longa (diria até demasiado) mensagem de esperança e de mudança, que às vezes se transforma um pouco cansativa, culpa também da música de fundo lamechas.

"Crude Impact", [2006], de James Jandak Wood, não legendado

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Quem matou o carro eléctrico?

DR- Estação de bicing em Barcelona

Segundo noticia o Expresso, foi anunciado que 21 cidades portuguesas aderiram ao Programa para a Mobilidade Eléctrica, sendo previsto que existam cerca de 320 locais de abastecimento de carros eléctricos em 2010 e em 1300 dentro de dois anos.

Carro eléctrico em Portugal

Recentemente a impressa tem publicado algumas notícias relacionadas com a introdução do carro eléctrico na sociedade portuguesa, ainda dominada por uma economia assente e dependente do bem escasso que é o petróleo.

Está previsto que os carros eléctricos beneficiem de isenção do Imposto Sobre Veículos e Imposto Único de Circulação, deduções fiscais na aquisição de veículos eléctricos e incentivos de abate de veículos em fim de vida quando estes sejam trocados por um eléctrico.

Muito mais pode ser feito

Aparentemente são boas notícias, mas ainda falta muito por fazer em matéria de mobilidade urbana em Portugal e em políticas de transporte de passageiros. Gostava que estas 21 cidades criassem planos e estudassem a viabilidade de sistemas urbanos de transporte mais sustentáveis, em vez de recorrer a veículos individuais. Quero com isto dizer que o português médio tem enraizado culturalmente a ideia que tem de se deslocar em veículo próprio, seja de combustão interna ou eléctrico.

As cidades simplesmente não têm espaço para tantos carros, quem fica prejudicado são todos os cidadãos, que se vêm privados de viver em cidades que não estejam entupidas por carros, carros em toda a parte, nas estradas, nos passeios, nas praças…

É necessário melhorar os sistemas de transportes públicos, autocarros, eléctricos modernos, metro, troleicarros, partilha de veículos, comboios urbanos e suburbanos.

Várias cidades europeias e da América do sul, estão actualmente a implementar sistemas colectivos de uso de bicicletas, como é o sucesso do Bicing em Barcelona, ou o Vélib em Paris, para já não falar de países como os Países Baixos, a Suécia ou a Alemanha que têm uma verdadeira paixão pelo uso da bicicleta como transporte dentro da cidade.

É preciso portanto investir. Investir em formação, em mudar mentalidades, mostrar exemplos de sucesso, construir ciclovias seguras que tenham em vista rotas inteligentes e não apenas de cariz lúdico. É necessário também dificultar o acesso de carros ao centro das cidades. Muitas das maiores cidades europeias têm os seus centros vedados à circulação automóvel, com as devidas excepções para moradores, táxis e transportes públicos.

História com final pouco feliz

A história do carro eléctrico tem sido trágica desde o momento da sua invenção. Devido aos grandes lobbies das petrolíferas, a tecnologia nunca teve o investimento nem a atenção merecida. É uma tecnologia vista como uma ameaça aos interesses das empresas petrolíferas. Os veículos eléctricos têm enormes e claras vantagens sobre os automóveis de combustão interna e inclusive em relação aos veículos a hidrogénio.

O documentário “Who Killed The Electric Car?” aborda precisamente este tema. Mostra como a construtora americana General Motors, desenvolveu e produziu um carro eléctrico perfeitamente funcional e como a mesma produtora preferiu destruir todos (centenas!) os carros que produziu e a tecnologia de baterias, do que comercializar e continuar o aperfeiçoamento.

Documentário disponível no YouTube dividido em duas partes, não legendado.

Parte I



Parte II

O lugar de Portugal


clicar na imagem para aumentar

É bem sabido que o poder de compra dos portugueses situa-se entre os mais baixos de toda a União Europeia. A performance portuguesa não foi suficiente para acompanhar os demais países da EU, nomeadamente os nossos vizinhos espanhóis.

Os mais recentes dados divulgados pelo Eurostat, vêm confirmar precisamente a nossa fraca performance a nível europeu. Actualmente ocupamos o 19º lugar numa lista que reflete o poder de compra de 27 Estados-membros. Abaixo de Portugal surgem países do centro, do leste da Europa e do Báltico, como a Eslováquia, a Estónia, Hungria, Lituânia, Polónia, Letónia, Roménia e Bulgária.

Imediatamente acima de Portugal na lista mas ainda abaixo da média da EU (valor que corresponde a 100%), surge a Malta, República Checa, Eslovénia, Cipre e Grécia.

Somos portanto o único país da Europa ocidental que está abaixo da média europeia. Ocupamos claramente um lugar de destaque na lista pelas piores razões. Portugal está mais ao nível do leste europeu do que propriamente do lado ocidental, supostamente mais rico e desenvolvido.

Alguns dos países que entram na lista são membros recentes da EU, sendo previsível que com as ajudas e fundos comunitários, rapidamente ultrapassem Portugal em muitos aspectos. Muitos destes países possuem índices de desenvolvimento superiores aos portugueses, nomeadamente em educação e em capacidade produtiva industrial.

Salários mínimos europeus

Outro dado que merecerá atenção especial do leitor é o valor salarial mínimo em cada Estado-membro. Actualmente o salário mínimo português corresponde a 450€ mensais. Em comparação com os nossos vizinhos mais próximos a diferença é de aproximadamente 174€.

De referir quem em Espanha fala-se de uma geração “mileurista”, como uma geração de jovens qualificados com formação superior, que tem como limiar mínimo de ordenado inicial esperado em cerca de 1.000 euros mensais. Em Portugal ordenados ficam muito aquém dos 1000€. Em Espanha os ordenados são consideravelmente mais elevados e é bem sabido que determinados bens são mais baratos, como os combustíveis, alguns bens alimentares, etc.

Como nos vêm?

Como poderemos fazer face a estes valores que reflectem uma realidade? Somos um país periférico do ocidente europeu que ainda é desconhecido para a maioria dos nossos companheiros Europeus. Fala-se de Portugal lá fora, mas apenas e quase exclusivamente somos reconhecidos como o país do Cristiano Ronaldo, do vinho do Porto, dos grandiosos feitos marítimos de tempos antigos e pouco mais.

Basicamente não somos conhecidos por fazer algo de importante na actualidade, não exportamos nada de jeito, não temos uma marca de carros, não temos uma cozinha internacional, não somos um país base de importantes empresas tecnológicas. Se uma empresa quer operar na Península Ibérica, quase de certeza vai abrir uma importante sede em Madrid, outra menos importante por Barcelona e a partir de Madrid controlam também o mercado português. Até podem abrir um escritório em Lisboa, mas o grande facto é que temos uma relevância demasiado pequena no contexto ibérico, ainda mais pequena no contexto da Europa ocidental e mínima num contexto da EU a 27.

O futuro

O futuro de Portugal irá passar por uma fase muito negra, devido à falta de investimentos estratégicos em educação, políticas sociais, inovação tecnológica e muitos outros. Também não sei o que seria de esperar quando os lobbies são grandes, os políticos fracos e a população dormente, confiante nos seus líderes, sempre disposta a aceitar o que é posto à sua frente, incapaz de olhar para fora do país e ter uma visão crítica e comparativa.

*Gross domestic product (GDP) is a measure for the economic activity. It is defined as the value of all goods and services produced less the value of any goods or services used in their creation. The volume index of GDP per capita in Purchasing Power Standards (PPS) is expressed in relation to the European Union (EU-27) average set to equal 100. If the index of a country is higher than 100, this country's level of GDP per head is higher than the EU average and vice versa. Basic figures are expressed in PPS, i.e. a common currency that eliminates the differences in price levels between countries allowing meaningful volume comparisons of GDP between countries. Please note that the index, calculated from PPS figures and expressed with respect to EU27 = 100, is intended for cross-country comparisons rather than for temporal comparisons.

***não aplicável no país ou sem informação

Fontes

**salários mínimos mensais

Eurostat

sábado, 27 de junho de 2009

Que futuro para Portugal?

Mário Crespo em entrevista a Medina Carreira, fiscalista e Ministro das Finanças do I Governo Constitucional (1976-1978).

Nesta entrevista Medina Carreira classifica os actuais políticos como “gente indigna de fazer política” e afirma que “é uma gente que mente a toda a hora” e que “nenhum sistema pode ser servido com esta gente, esta gente é um nojo”.

De seguida aborda temas como o endividamento externo português, a economia, política de investimentos, etc. Faz ainda uma avaliação transversal do actual estado do país.

É uma entrevista relativamente longa mas que vale a pena ouvir.


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ciberguerra no Falar Global

O tema da ciberguerra abordado no programa da Falar Global da Sic Notícias.


Afinal Michael Jackson ainda estava vivo!


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Depois de ter preparado uma tourné para tentar agradar alguns fãs e juntar mais alguns trocos e, refira-se em abono da verdade, para limpar a imagem que não se pode dizer que estivesse lá no topo, eis que se simplificam as coisas.

Temos herói reciclado. Não foi preciso muito. Só precisou de morrer.

Viva o pedó.... Quer dizer, viva Michel Jackson!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Censura, vigilância e jornalismo no Irão










DR

Irão usa sistema vendido pela Nokia Siemens Network que permite a monitorização das comunicações móveis.

Monitorização das comunicações

Segundo noticiou ontem a BBC News, a Nokia Siemens Network confirmou que em 2008 a “Iran Telecom” adquiriu um sistema denominado “Monitoring Centre”, que permite que as autoridades iranianas monitorizem as comunicações numa rede, incluindo chamadas de voz, mensagens de texto, mensagens instantâneas e o tráfego de internet.

Sistema presente em 150 países

Segundo um porta-voz da Nokia Siemens “os governos ocidentais, incluindo o Reino Unido, não permitem a construção de redes de comunicações que não possuam esta funcionalidade”. O sistema de monitorização da Nokia Siemens é comercializado em 150 países em todo o mundo onde a empresa de comunicações opera.

Censura no Irão

As comunicações no Irão são controladas pela empresa Iran Telecom. Após as eleições presidências, verificou-se um grande aumento na vigilância das comunicações nesse país.
Segundo a edição de ontem do “El País”, desde 16 de Junho os jornalistas estão proibidos de cobrir as manifestações.

Apenas podem comparecer em actos oficiais mediante um convite prévio. A comunidade jornalística presente no Irão tem liberdade de circular por toda a cidade mas não é permitido o uso de câmaras ou de gravadores.

Os vistos emitidos aos jornalistas para cobrir as eleições presidenciais têm uma validade de 10 dias, que habitualmente seriam renovados, mas o que se tem verificado é uma não renovação e a imprensa internacional tem abandonado a pouco e pouco o Irão.

Segundo declarações telefónicas de um jornalista iraniano ao jornal “El País”, “podemos cobrir as manifestações mas na realidade aqui não há jornalismo independente. Os meios de comunicação são estatais e tudo o que escrevemos ou filmamos passará pela censura”

Face a esta situação vivida no Irão, o Facebook, o Twitter e o You Tube tornaram-se ferramentas importantes de comunicação e uma forma de dar voz e imagens da revolta da população.

Segundo informação da associação Jornalistas Sem Fronteiras, desde as eleições presidenciais já foram presos no Irão 35 jornalistas e usuários da internet, convertendo este país na “primeira prisão do mundo para jornalistas”.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Gripe A (H1N1): vacina experimental um dia depois de alerta máximo


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Um laboratório na Suíça desenvolveu uma vacina experimental para combater a nova gripe, refere a agência noticiosa Associated Press.

Curiosamente o comunicado, que dá conta da vacina, surge um dia depois de ter sido decretado pela OMS o nível 6 de pandemia.

Refira-se que a empresa, cujo nome já teve publicidade suficiente, revelou que 30 governos já solicitaram o fornecimento da vacina.

Aquela que é apelidada como a primeira pandemia do século XXI infectou até ao momento 29.669 pessoas e matou outras 145 em todo o mundo.

De acordo com dados, também da OMS, a gripe sazonal afecta mundialmente entre 57.000 a 96.000 pessoas por semana, das quais morrem entre 4.800 a 9.600 durante o mesmo tempo. Só em Portugal, no Inverno de 2008, morreram 1961 pessoas.

Israel acusado de maltratar menores palestinianos


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Um relatório realizado pela Organização Não Governamental (ONG) Defense for Children International refere que menores palestinianos detidos sofrem «torturas e maus tratos generalizados, sistemáticos e institucionalizados» por parte das forças de segurança israelitas.

O documento divulgado pela agência EFE revela que «desde o momento da detenção, as crianças palestinianas sofrem maus tratos e, nalguns casos, tortura por parte dos soldados israelitas, policias e pelos autores dos interrogatórios».

De acordo com a ONG, «as crianças são geralmente maltratadas durante o processo de transferência e chegam aos centros de detenção e interrogatório traumatizadas e cansadas».

As crianças, que não podem ter acesso a um advogado, quando passam por uma sessão de interrogatório «são submetidas a uma série de técnicas proibidas, como o uso de algemas ou vendas nos olhos», são sujeitas a «posições dolorosas durante longos períodos de tempo, ao confinamento sem comunicação e à privação de sono, assim como a uma combinação de ameaças físicas e psicológicas à criança e à família».

Depois deste tratamento, «são forçados a assinar confissões escritas em hebraico, língua que não entendem». A principal prova contra os menores «é, em quase todos os casos, a confissão extraída no interrogatório coercivo», reforça a ONG.


Se não é boi é vaca


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«Ou se trata de uma questão de subfinanciamento ou de uma questão de má gestão», disse Pedro Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, ao «Público», referindo-se às dividas no sector.

Ora, é com este tipo de observações perspicazes que somos apanhados na rede habitual de tagarelice que nada acrescenta. Brilhante a observação de Pedro Lopes!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Alto Representante para a Política Externa da União Europeia alvo de espionagem cibernética


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Javier Solana que actualmente ocupa o cargo de Alto Representante para a Política Externa da União Europeia, admitiu hoje em Madrid, segundo o “El País" que foi “submetido a espionagem informática durante vários meses por uma potência (estrangeira) ”.

Atacante estrangeiro não revelado

Quando questionado, Javier Solana, explicou que arquivos e comunicações pessoais foram alvo de ataques informáticos, não querendo adiantar mais pormenores sobre de quem partiu o ataque, nem quando e como descobriu. Julga-se no entanto que teve origem fora da Europa.

“Ciberguerra”

A denominada “ciberguerra”, é considerada actualmente pelas forças de segurança nacionais e internacionais, como uma ameaça séria à segurança nacional .

Os Estados Unidos da América nomearam recentemente um general para se encarregar da defesa do país nesta matéria.

A Estónia foi alvo da alegada “primeira guerra no ciberespaço”, conforme noticiou a "Euronews”. (ver reportagem no link)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Shell paga 15,5 milhões de dólares para não ir a tribunal



A empresa petrolífera Shell entrou em acordo extra judicial em que aceitou pagar 15.5 milhões de dólares, num processo em que é acusada de cumplicidade em casos de violação de direitos humanos na Nigéria, incluindo a morte por enforcamento de 9 pessoas uma das quais o conhecido escritor, activista ambiental e pacifista Ken Saro-Wiwa, noticia o "Público".



O caso remonta aos anos 90 e envolve a multinacional petrolífera Shell, Ken Saro-Wiwa fundador do Movimento Para a Sobrevivência do Povo Ogoni e o regime militar do então Presidente Sani Abacha.

A extracção petrolífera no delta do Níger pela Shell originou importantes danos ambientais e humanos causados, nomeadamente poluição de água, desflorestação, poluição do ar, deslocamento de populações inteiras e atentados aos direitos humanos. De referir que na época a Nigéria vivia sobre o domínio de uma forte ditadura militar e o petróleo constituía a principal fonte de riqueza do país.

Ken Saro-Wiwa
O descontentamento popular generalizado encontrou uma voz e uma cara em Ken Saro-Wiwa, um escritor nigeriano, que rapidamente se tornou famoso pelas suas lutas e convicções pacifistas, onde exigia um término da exploração abusiva do meio ambiente e das populações indígenas, por parte das empresas petrolíferas com o consentimento do governo.

Shell e o governo
O movimento indígena estava a ganhar adesão e cada vez mais importância e em 1993 mais de 300.000 pessoas quase 3/5 da população manifestaram-se numa marcha de protesto assinalando início do Ano Internacional dos Povos Indígenas declarado pelas Nações Unidas.

A Shell, alvo de protestos e de forte oposição por parte da população indígena, terá alegadamente pedido ao governo de ditadura militar que suprimisse a revolta popular. Os militares foram inúmeras vezes utilizados na escolta armada de operações de instalação de equipamentos petrolíferos da Shell. Existem registos de ataques militares a aldeias onde foram mortos centenas de civis e milhares foram feridos e deslocados, numa tentativa de suprimir a rebelião e de manter os produtivos campos de petróleo.

A morte de Ken Saro-Wiwa
O conhecido pacifista e activista foi preso e torturado por alegadamente ter participado no assassínio de quatro dirigentes políticos. Muitos consideram que foi tudo orquestrado pelos próprios militares para afastar Ken Saro-Wiwa da liderança do movimento, que cada vez se tornava mais incómodo. Foi julgado num duvidoso tribunal militar sem direito a defesa legal e condenado, juntamente com mais 8 pessoas a morte por enforcamento.

15.5 milhões vs. 3,48 mil milhões
De acordo com o "Energia Hoje", a Shell só no primeiro trimestre do ano de 2009 obteve um lucro líquido no valor de 3,48 mil milhões de dólares, é certo que ficou mais pobrezinha em relação ao ano passado, visto que no primeiro trimestre de 2008 os lucros rondaram os 9,08 mil milhões de dólares. De qualquer das formas o valor pago aos queixosos nem uma mossa faz numa empresa como a Shell (representa aproximadamente 0,45% do lucro do primeiro trimestre de 2009).

É bem sabido que é prática comum das empresas muitas vezes preferirem pagar multas e coimas, do que assumir a verdadeira responsabilidade. Aqui não se trata de multas, mas o princípio será o mesmo. As multas e as penalizações são simplesmente irrisórias face à capacidade financeira das empresas.

Dos 15.5 milhões uma parte será para pagar aos advogados do processo e perto de 5 milhões de dólares terá como destino financiamentos do povo Ogoni.
É quase ridículo o valor tendo em conta a devastação sofrida por este povo e pelos danos causados ao meio ambiente.



Pode ler-se na página da Shell Portugal e passo a citar:

"Declaração de Compromisso sobre Saúde, Segurança e Ambiente

No Grupo Shell estamos todos comprometidos no sentido de:

-atingir o objectivo de não haver danos para as pessoas

-proteger o ambiente"

segunda-feira, 8 de junho de 2009

«Piratas» com assento na Europa


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Os suecos do Partido Pirata garantiram um assento no Parlamento Europeu (PE). De acordo com a agência Reuters conseguiram 7,1 por cento dos votos da população votante da Suécia.

O partido que nasceu em 2006 e ganhou visibilidade em 2009, com a polémica decisão em tribunal que puniu os autores do site de partilha «Pirate Bay», pretende lutar pelos conteúdos de livre acesso na Internet, pela desregulamentação dos direitos autorais, abolir o sistema de patente e reduzir a vigilância no meio.

Uma voz isolada nos 785 lugares do PE que demonstra, mais uma vez, o nível civilizacional de um país nórdico atento ao recrudescer da censura e vigilância online que nos querem impingir, disfarçado de prevenção anti-terrorista e afins.

Refira-se que o Partido Pirata não tem qualquer ligação com os autores do site de partilha «Pirate Bay».

"Chico esperto"

Segundo noticiou hoje o Correio da Manhã, Dias Loureiro não possui bens em seu nome passíveis de penhorar e o saldo das suas contas bancárias é inferior a 5.000€. Afinal de contas Dias Loureiro revela ter impressionantes capacidades de gestão financeira e patrimoniais.

Pelo bem comum


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A ideia geral

A criação da Lei n.º 32/2008 de 17 de Julho, resulta da transposição para a lei portuguesa da Directiva Comunitária n.º 2006/24/CE 2006. É uma directiva que à escala europeia afecta perto de 494 milhões de pessoas (2007). No entanto a grande maioria dos europeus desconhece que após a transposição para a sua legislação nacional e no caso português segundo a Lei n.º 32/2008, será uma obrigação legal, a criação de uma base de dados de registos referentes às comunicações via email, rede fixa e rede móvel de todos os cidadãos. Este registo estará a cargo das respectivas entidades fornecedoras de serviços de comunicações electrónicas ou da rede pública de comunicações e terá a duração de um ano, após o qual será eliminado da base de dados. Resumidamente (aconselho a leitura do artigo 4º da Lei n.º 32/2008), será objecto de registo entre outros elementos:

“Comunicações móveis e fixas”: o número de telefone de origem e de destino de chamadas telefónicas incluindo os serviços de mensagens curtas (SMS), os serviços de mensagens melhoradas (EMS) e os serviços multimédia (MMS; a data, hora e duração da chamada; nome e endereço do assinante ou do utilizador registado; a Identidade Internacional de Assinante Móvel (IMSI), de quem telefona e do destinatário; a Identidade Internacional do Equipamento Móvel (IMEI), de quem telefona e do destinatário, etc..

“Acesso à Internet, ao correio electrónico através da Internet e às comunicações telefónicas através da Internet” (entenda-se tráfego de email e chamadas efectuadas através da internet): a data e a hora do início (log in) e do fim (log off) da ligação ao serviço de acesso à Internet com base em determinado fuso horário, juntamente com o endereço do protocolo IP, dinâmico ou estático, atribuído pelo fornecedor do serviço de acesso à Internet a uma comunicação, bem como o código de identificação de utilizador do subscritor ou do utilizador registado; o número de telefone que solicita o acesso por linha telefónica; a linha de assinante digital (digital subscriber line, ou DSL), ou qualquer outro identificador terminal do autor da comunicação, etc…

O acesso a estes dados apenas será permitido mediante um despacho fundamentado de um juiz para fins de investigação, detecção e repressão de crimes graves.

As questões

Em nome da segurança estão a ser criados mecanismos, mesmo por debaixo dos nossos narizes e voluntariamente, que levantam importantes questões de liberdades individuais. A estratégia seguida pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia parece considerar todos os seus cidadãos como potenciais criminosos e tenta enraizar a ideia que “quem não deve não teme”, todos temos que aceitar ter sob vigia as nossas comunicações, em nome do bem comum.

Será possível assegurar que a base de dados não é violada? Que o fim para o qual se destina não é deturpado? Será o tímido início de uma estratégia de longo prazo com vista a habituar a população europeia a uma vigilância permanente e consentida? São algumas das questões que não posso deixar de colocar quando penso no grau de sofisticação e nas possibilidades de uma base de dados desta natureza e na eventual troca e partilha de informações entre estados membros e inclusive com os EUA, em nome da segurança e da cooperação internacional.


domingo, 7 de junho de 2009

Europeias: «voto de protesto contra o Governo»


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O histórico socialista, Manuel Alegre, descreveu a derrota do PS nas eleições europeias como «um voto de protesto contra o Governo».

Em declarações à RTP, neste domingo, Manuel Alegre apelou à «reflexão» e sublinhou que depois deste «voto de punição» os «ensinamentos devem ser aprendidos». Apesar de reconhecer que estas «não são eleições legislativas», mas sim europeias, entende que há neste resultado um «certo sentido de mudança».

PS e PSD em pé de igualdade para legislativas

As declarações do deputado do PS revelam a preocupação no seio do partido de que os números registados neste acto eleitoral se reflictam nos dois seguintes. Se há uns meses atrás se questionava apenas a maioria absoluta de um Governo PS, nas próximas legislativas, este resultado deixa em aberto e coloca os dois maiores partidos em pé de igualdade para o acto eleitoral que vai escolher o próximo Governo.

Vitória da esquerda

Mais do que uma vitória social-democrata, os partidos mais à esquerda do PS reforçaram e demarcaram as diferenças de doutrina perante uns socialistas cada vez mais indiferenciados em comparação directa com os vencedores do acto eleitoral. A esquerda marcou aqui uma posição de destaque que espelha um voto de descontentamento, por parte dos cidadãos votantes, com a situação actual do país e mais concretamente com o Governo de Sócrates.

Mais à direita o CDS-PP inverteu um resultado pouco expressivo, numa vitória contrastante com as projecções que ditavam uma percentagem ainda com menos impacto. Paulo Portas tentou passar alguma emoção, quase a puxar à lágrima, quando elogiado pelo cabeça-de-lista às europeias, Nuno Melo. No entanto a tentativa de vincar a força de um partido cada vez menos competitivo não convenceu.

Ponto fraco: campanha eleitoral pouco clara

Os pontos mais marcantes destas eleições passam pela falta de clareza na campanha eleitoral, por parte dos partidos, na apresentação de um programa eleitoral compreensível para o eleitor. Não porque o eleitor não consiga perceber o que se lhe é dito, mas sim pela ausência efectiva de um esclarecimento quanto às propostas de cada partido.

A campanha eleitoral teve como foco principal o ataque fácil e a troca de galhardetes entre candidatos. Faltou o essencial, como também é costume, que é a apresentação de soluções de facto que possam dar ao eleitorado uma escolha real.