domingo, 7 de junho de 2009

Europeias: «voto de protesto contra o Governo»


DR

O histórico socialista, Manuel Alegre, descreveu a derrota do PS nas eleições europeias como «um voto de protesto contra o Governo».

Em declarações à RTP, neste domingo, Manuel Alegre apelou à «reflexão» e sublinhou que depois deste «voto de punição» os «ensinamentos devem ser aprendidos». Apesar de reconhecer que estas «não são eleições legislativas», mas sim europeias, entende que há neste resultado um «certo sentido de mudança».

PS e PSD em pé de igualdade para legislativas

As declarações do deputado do PS revelam a preocupação no seio do partido de que os números registados neste acto eleitoral se reflictam nos dois seguintes. Se há uns meses atrás se questionava apenas a maioria absoluta de um Governo PS, nas próximas legislativas, este resultado deixa em aberto e coloca os dois maiores partidos em pé de igualdade para o acto eleitoral que vai escolher o próximo Governo.

Vitória da esquerda

Mais do que uma vitória social-democrata, os partidos mais à esquerda do PS reforçaram e demarcaram as diferenças de doutrina perante uns socialistas cada vez mais indiferenciados em comparação directa com os vencedores do acto eleitoral. A esquerda marcou aqui uma posição de destaque que espelha um voto de descontentamento, por parte dos cidadãos votantes, com a situação actual do país e mais concretamente com o Governo de Sócrates.

Mais à direita o CDS-PP inverteu um resultado pouco expressivo, numa vitória contrastante com as projecções que ditavam uma percentagem ainda com menos impacto. Paulo Portas tentou passar alguma emoção, quase a puxar à lágrima, quando elogiado pelo cabeça-de-lista às europeias, Nuno Melo. No entanto a tentativa de vincar a força de um partido cada vez menos competitivo não convenceu.

Ponto fraco: campanha eleitoral pouco clara

Os pontos mais marcantes destas eleições passam pela falta de clareza na campanha eleitoral, por parte dos partidos, na apresentação de um programa eleitoral compreensível para o eleitor. Não porque o eleitor não consiga perceber o que se lhe é dito, mas sim pela ausência efectiva de um esclarecimento quanto às propostas de cada partido.

A campanha eleitoral teve como foco principal o ataque fácil e a troca de galhardetes entre candidatos. Faltou o essencial, como também é costume, que é a apresentação de soluções de facto que possam dar ao eleitorado uma escolha real.

1 comentário:

Armando Alves disse...

Perdeu-se uma oportunidade com estas eleições, para lançar um debate na sociedade portuguesa sobre o que é o Tratado de Lisboa e suas consequências. É um tema de máxima importância sobre o qual a população não está minimamente informada.